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Sindicato dos Ferrovíarios da Zona Sorocabana indica irregularidades.

Foto: Jean Carlos / metrocptm.com.br

Maquinistas das linhas 8 e 9 de trens metropolitanos de São Paulo, concedidas à ViaMobilidade, estariam trabalhando até 12 horas por dia, sem paradas adequadas a cada viagem, enquanto que na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), estatal que controlava as linhas, a jornada era de oito horas diárias, com intervalos entre 10 minutos e 15 minutos a cada viagem.

A informação é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana, José Claudinei Messias.

Além disso, enquanto que na CPTM, o tempo de treinamento para que um maquinista possa atuar é entre oito e dez meses com acompanhamento de um monitor; na ViaMobilidade, a capacitação de maquinistas dura aproximadamente quatro meses.

Para o sindicalista, as condições atuais de trabalho dos funcionários da ViaMobilidade podem explicar, ao menos em parte, as constantes falhas e até mesmo acidentes envolvendo os trens e operação da empresa.

“O funcionário que conduz o trem trabalha 12 horas, trabalha três dias e folga dois. E, em algumas escalas, trabalha dois dias e folga três. É uma escala que pode ser interessante para alguns maquinistas, mas é extenuante, extremamente cansativa. Na CPTM, a carga horária era de oito horas.” – explicou.

Segundo Messias, existem alguns momentos de maior estresse e necessidade de atenção, nos quais, com o cansaço do maquinista, o risco de falhas e até acidentes é maior, como na chegada às plataformas, na abertura das portas dos trens (que é um processo manual), sinalização, na passagem do trem em meio a trechos urbanos onde o risco de pessoas e animais na via é grande, entre outros.

O sindicalista também relacionou outros pontos sobre as linhas 8 e 9, como a operação de trens mais antigos, sendo que os mais novos foram para a CPTM; necessidade de manutenção mais profunda nos trens recebidos da CPTM (por exemplo, rodeiros – conjunto de rodas – que já estão com 1,6 milhão de km rodados – e não foram revisados ainda) e a necessidade de revisão em toda a infraestrutura de rede aérea, trilhos e plataformas.

As linhas 8 e 9 recentemente registraram ocorrências graves, como a morte de um funcionário em de 10 de março de 2022, após receber uma descarga elétrica enquanto fazia uma manutenção na região da Estação Pinheiros da Linha 9-Esmeralda (link da matéria) e, também em 10 de março de março de 2022, a batida de um trem da linha 8-Diamante no limite da plataforma na estação Júlio Prestes (lnk da matéria)

O Diário do Transporte procurou a ViaMobilidade sobre as declarações do presidente do sindicato.

A concessionária informou que o período de treinamento de quatro meses é previsto no contrato de concessão, que as 12 horas de jornada são padrão e que realiza as manutenções e investimentos.


Veja nota na íntegra:

A ViaMobilidade informa que seguiu o que foi previsto no Contrato de Concessão. O repasse de funções foi supervisionado pelo Auditor Independente e Poder Concedente. A validação, assim como os treinamentos, seguiram estritamente o regulamento previsto no contrato, cumprindo o período de 4 meses de treinamento na formação de maquinistas.

Em relação à jornada de trabalho dos maquinistas, a diária padrão é de 12 horas com 1 hora de descanso/refeição. A jornada semanal é de 35 horas, o que perfaz uma carga horária mensal média de 176 horas.

Quanto às melhorias que serão realizadas, a concessionária reforça que possui um diagnóstico da atual estrutura das linhas e já deu início ao plano de ação para o primeiro ano de operações com investimentos importantes. A concentração destes investimentos, nos primeiros doze meses, irá focar na modernização da Via Permanente (trilhos) e da Rede Aérea (sistema responsável pela transmissão de energia elétrica para movimentação dos trens).

O repasse de modais da CPTM para a ViaMobilidade foi de 38 trens da Série 7.000 , dos quais 14 trens fizeram revisão de nível RF (vistoria de quilometragem rodada). Da série 7.500, o edital informa que dois trens passaram por revisão de nível e 6 outros trens da série também carecem de revisão. Vale ressaltar que os trens que operavam nas linhas 8 e 9 eram majoritariamente da série 8000, que entraram em serviço em 2012 e eram mantidos pela PPP da CTtrens. Estes foram substituídos por trens da série 7000, que iniciaram a operação após manutenção realizada pelas equipes da CPTM. Todos os trens da frota recebida que estiverem com mais de 1,2MM de quilômetros terão que passar por revisão geral, conforme obrigação contratual, e parte será devolvida após a chegada dos 36 novos trens.

A ViaMobilidade entende que este processo de atualização dos sistemas é transitório e que, ao final, resultará em uma infraestrutura de transporte público mais eficiente, segura e confortável para nossos clientes.

Por fim, a concessionária avalia que as mudanças complexas que ocorrerão no primeiro ano de concessão, já darão ao cliente maior conforto e segurança, além de confiabilidade e estabilidade do sistema. E reforça que todas as obras de melhorias envolvem uma logística complexa e deverão ocorrer ao longo da operação regular das linhas.

– Reportagem: Adamo Bazani

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