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RUMO assina venda de terminais portuários em Santos à CLI, da IG4, por R$ 1,4 bilhões.

Foto: Divulgação / Portosenavios.com.br

A Rumo, empresa de logística do grupo Cosan, assinou nesta sexta-feira (15) o contrato de venda de dois terminais portuários em Santos à CLI (Corredor Logística e Infraestrutura), operadora controlada pela gestora IG4 Capital. O acordo é de R$ 1,4 bilhão. Serão vendidas 80% das ações dos dois ativos — a Rumo seguirá como acionista minoritária, com uma fatia de 20%.

Os dois terminais vendidos são o T16 e T19, localizados na margem direita do Porto de Santos e destinados à movimentação de grãos e açúcar. O contrato de arrendamento das duas áreas vai até 2035 (sem possibilidade de renovação adicional). As obrigações da concessão, que deverão ser assumidas pela CLI, ainda incluem a realização de R$ 600 milhões de investimentos, para ampliar a capacidade de movimentação dos ativos em 20%.

Em 2021 (ano afetado pela quebra de safra), os terminais transportaram 12,7 milhões de toneladas. No primeiro trimestre de 2022, foram movimentadas 3 milhões de toneladas.

A conclusão da operação ainda dependerá da aprovação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Hoje, a CLI já opera um terminal de grãos no Porto do Itaqui, no Maranhão. A empresa, que é uma operadora “bandeira branca”, é uma das quatro controladoras do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram) — as demais sócias são empresas ligadas a tradings de commodities. “Queremos levar os mesmos ganhos de eficiência que implementamos em Itaqui ao Porto de Santos”, afirmou Helcio Tokeshi, presidente da companhia.

A operação também marca a entrada da Macquarie Asset Management na CLI e no setor de infraestrutura no país. O grupo australiano passará a ser sócio da IG4 Capital, com 50% de participação na operadora logística. A entrada se dará por meio de um aumento de capital de R$ 500 milhões, que será totalmente subscrito pelo fundo Macquarie Infrastructure Partners V (MIP V).

“A sociedade com o Macquarie e a parceria com a Rumo vêm fortalecer a CLI que, com essa aquisição, passa a ser o maior operador independente de infraestrutura portuária para o agronegócio no país”, afirma Paulo Mattos, co-fundador da IG4. A Macquarie já havia ensaiado fazer um grande investimento junto à IG4 no ano passado, quando fizeram uma oferta de compra da particiação da Andrade Gutierrez na CCR. A operação, porém, não se concretizou.

Questionado sobre a possibilidade de novos movimentos de expansão da CLI no país, Tokeshi disse que a companhia “segue interessada em seguir crescendo”. Segundo uma fonte de mercado, a empresa já estaria em negociações com tradings e empresas de logística em outras regiões do país para ampliar a plataforma.

A CLI foi adquirida pela IG4 em dezembro de 2020. Antes, a empresa era da CGG Trading (Cantagalo General Grains), que teve que vender o ativo para quitar dívidas. O modelo tem sido reproduzido pela gestora em diversas áreas: a IG4 compra o ativo em crise, reestrutura o negócio e faz dele uma plataforma para expansão.

Para a Rumo, a venda é uma forma de garantir a expansão dos terminais portuários em Santos e, ao mesmo tempo, desalavancar a companhia. A empresa tem pela frente compromissos bilionários de investimentos em sua malha ferroviária — como aqueles decorrentes da renovação antecipada da Malha Paulista, obras na Ferrovia Norte-Sul e a construção da extensão da Malha Norte, até Lucas do Rio Verde (MT).

“Queremos focar na ferrovia. Temos um plano de investimentos bastante robusto e usar oportunidades como essa para desalavancar a companhia faz parte de nossa estratégia”, afirma Rafael Bergman, vice-presidente financeiro e diretor de relações com investidores da Rumo.

O modelo de operação compartilhada de terminais tem sido um padrão na companhia. Na Norte-Sul (Malha Central), por exemplo, diversos terminais construídos ao longo da ferrovia foram feitos com sócios. No próprio Porto de Santos, a Rumo tem participação minoritária em outros três terminais portuários, que não fazem parte da operação com a CLI: o TXXXIX (de grãos, com a Caramuru), TERMAG (de fertilizantes, com a Bunge) e TGG (de grãos, com Bunge e Amaggi).

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